O Amazonas apresenta queda crescente nos números da doença nos últimos 20 anos
Fotos: Arnoldo Santos (Asscom/Fuham)A Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM), por meio da Fundação Hospitalar Alfredo da Matta (Fuham), deu início, na manhã desta segunda-feira (21/7), ao “Encontro Estadual de Avaliação da Hanseníase no Amazonas: resultados, desafios e perspectivas”. O evento, que acontece no auditório Senador João Bosco, da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), reúne coordenadores municipais para discutir os desafios e resultados do combate à doença no estado.
Na abertura do evento, o diretor-presidente da Fuham, Carlos Chirano, ressaltou a importância da participação dos municípios e lembrou que uma das maiores dificuldades no interior é a logística de transporte, o que dificulta deslocamentos das equipes, mas principalmente das comunidades. “O encontro vai servir também para a atualização dos participantes. Nós vamos traçar e reunir com todos os representantes de coordenações municipais para traçarmos metas de gestão, de como iremos alcançar essa população”, afirmou Chirano.
O encontro terá duração de cinco dias e contará com especialistas do Amazonas, de outros estados brasileiros e da Organização Panamericana da Saúde(Opas).
Dados da Fuham, referência no estado no tratamento da hanseníase, indicam que nos últimos 20 anos o Amazonas conseguiu reduzir em mais de 90% as taxas de detecção da doença, que antes eram consideradas hiperendêmicas. Além disso, a taxa de cura alcançou cerca de 90% dos casos, e a cobertura do exame de contatos (pessoas que convivem com pacientes) também atingiu 90%.
Segundo o Departamento de Controle de Doenças e Epidemiologia (DCDE) da Fuham, o Amazonas registrou, em 2024, 326 casos de hanseníase no estado, sendo 262 (80,4%) casos novos, 30 (9,2%) recidivas, 30 (9,2%) outros reingressos e 4 (1,2%). Segundo dados dos últimos 20 anos, o Amazonas apresenta uma queda permanente dos casos. Hoje, a taxa de incidência da doença de casos por 100 mil habitantes é de 6,65 pessoas infectadas. Em 2000, essa taxa era de 44 pessoas infectadas a cada 100 mil habitantes.
Participação dos municípios
“Hoje, a presença de todos os municípios aqui é fundamental para que a gente consiga discutir esses avanços, discutir as estratégias que a gente pode estar melhorando, propondo junto com eles um novo plano estratégico do estado do Amazonas”, afirmou Valderiza Pedrosa, coordenadora do Programa Estadual da Hanseníase do Amazonas.
Um dos avanços foi a implantação do programa Dermato Saúde Amazonas, executado pela Fuham, que leva atendimento especializado em dermatologia aos municípios do estado. O trabalho, além de prestar assistência médica, faz também a busca ativa de novos casos de hanseníase.
O consultor da OPAS, Cleydison Andrade, disse que a discussão sobre hanseníase precisa sair do âmbito puramente assistencial médico. “Pensar do ponto de vista biomédico é importante, mas também sair da caixinha da área da saúde e pensar em hanseníase como uma doença determinada socialmente pela pobreza e perpetuadora da pobreza, então entender os determinantes sociais e agir sobre eles é algo crucial para o enfrentamento da doença em toda a região”, afirmou o consultor.
Durante os cinco dias do evento, além da parte teórica, haverá atividades de aperfeiçoamento e formação profissional. “Com este evento, o Amazonas busca consolidar os avanços alcançados e definir novas abordagens para um controle ainda mais eficaz da hanseníase, reafirmando o compromisso com a saúde pública e o bem-estar da população”, observa Valderiza Pedrosa.
A secretária executiva de Assistência da SES, Liege Rodrigues, frizou a importância do trabalho nos municípios. “A gente tendo uma notificação mais precisa dentro dos territórios, dentro das comunidades, a gente consegue fazer com que não tenha a disseminação dos contactantes, que a gente possa ter ações mais precisas e que a gente possa trazer cada vez mais a adequada e melhor assistência à população do nosso estado”, afirmou Liege.