Dando continuidade às estratégias de reforço no diagnóstico precoce de casos de hanseníase, a Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), iniciou uma nova etapa de capacitação de profissionais das Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Em fevereiro, houve a programação de duas turmas do Curso Básico em Hanseníase para Atenção Primária à Saúde (APS), com a primeira iniciando na última segunda-feira, 19/2, no auditório do Complexo de Saúde Oeste, bairro da Paz (zona Oeste), reunindo 35 profissionais, seguindo até quinta-feira, 22/2.
De acordo com a médica dermatologista Rosa Batista Corrêa, uma das instrutoras do curso, o objetivo é a melhoria do trabalho realizado nas UBSs, com o fortalecimento da rede de saúde em relação às ações de prevenção, controle e diagnóstico precoce da hanseníase.
“A ideia é ampliar a visão dos profissionais sobre a hanseníase, principalmente aqueles que ingressaram mais recentemente na rede municipal de saúde e convocados no último concurso da Semsa. A hanseníase é uma doença que é pouco abordada na graduação e com o curso podemos reforçar e aprofundar as informações”, afirmou Rosa Batista.
A programação do curso, que tem carga horária de 16 horas, inclui temas como: Panorama epidemiológico da hanseníase; Conceito, Transmissão, Classificação Clínica e Operacional; Tratamento; Diagnósticos das reações hansênicas; Diagnóstico Diferencial; Discussão de Casos Clínicos; Exame físico na hanseníase; Teste de sensibilidade (térmica, tátil e dolorosa); Investigação de contatos domiciliares e sociais do paciente para detecção de casos suspeitos; Sistemas de Informação; Fluxo e rotinas do Programa de Controle da Hanseníase; Avaliação da função neural, grau de incapacidade e Escore OMP (face, mãos e pés).
“O curso procura abordar um panorama geral da hanseníase em Manaus, no Brasil e no mundo, como é a transmissão, como o organismo se defende ou não se defende da doença, diagnóstico e tratamento. A hanseníase é uma doença muito complexa, que varia muito com relação às manifestações clínicas, dependendo da carga bacilar que a pessoa recebe e também do sistema imunológico. Por tudo isso, é importante que o profissional tenha a melhor preparação possível para realizar um exame minucioso na pele e nos nervos”, destacou a médica.
O médico Lucas Gonzaga de Oliveira, que ingressou na rede municipal no programa Mais Médicos, trabalha na UBS Luiz Montenegro desde o mês de setembro do ano passado e é um dos participantes do curso.
“A acredito que o curso vai ajudar a melhorar o trabalho que é feito na UBS. A gente tem na cabeça mais as imagens dos livros, aquilo que é clássico em relação à hanseníase. Já o curso apresenta imagens e explicações de uma forma que a gente nunca pensaria em hanseníase, as formas que não são clássicas da doença e que são mais difíceis de diagnosticar”, afirmou Lucas Gonzaga.
A próxima turma do Curso Básico da Hanseníase na APS vai acontecer nos dias 26, 28 e 29 de fevereiro e no dia 1º de março, também no auditório do Complexo de Saúde Oeste, direcionada para médicos e enfermeiros.
Doença
A hanseníase é uma doença infecciosa crônica causada pelo Mycobacterium leprae, também conhecido como bacilo de Hansen. A transmissão da doença ocorre de uma pessoa infectada pelo bacilo (sem tratamento) para uma pessoa sadia, por meio de gotículas de saliva eliminadas na fala, tosse ou espirro. As chances de transmissão são maiores quando o contato com a pessoa doente é próximo e prolongado, em ambientes fechados, com pouca luz e pouca ventilação.
Os sintomas neurológicos iniciais da hanseníase são: dormência, formigamento, sensação de choque elétrico, sensação de queimação na pele e câimbras. Os sintomas dermatológicos incluem as manchas (brancas, avermelhadas ou amarronzadas), áreas dormentes da pele com diminuição de pelos ou de suor.
No ano passado, o município de Manaus registrou 110 casos novos da doença, sendo cinco em crianças. Este ano, o município já registrou 13 casos novos.
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Texto – Eurivânia Galúcio/Semsa
Fotos – Divulgação/Semsa