O deputado Dan Câmara (Podemos) afirmou na manhã desta quarta-feira, 27/3, no plenário do legislativo estadual, que não se pode continuar aceitando matanças sob a justificativa das vítimas serem envolvidas com práticas criminosas. Para ele, a alegação virou uma desculpa inadequada, que gera imobilismo nas instituições de segurança pública.
“É clichê querer dizer que todos os mortos em chacinas são bandidos, como se não houvesse bala perdida e vítimas inocentes, como se a violência, seja ela contra quem for, não produzisse graves efeitos sociais, parece que nos acostumamos àquelas mortes”, declarou o deputado. Ele considera que, mesmo quando as vítimas são membros de organizações criminosas, “não podemos aceitar que estejamos perdendo aproximadamente mil vidas por ano com esses eventos de barbárie”.
Câmara citou as inúmeras execuções acontecidas em 2023 em campos de futebol. “Perdi a conta de quantas foram, os relatos os mais absurdos possíveis, ontem dormimos com um foguetório e acordamos com uma chacina em um bairro próximo ao centro de Manaus. O crime organizado usa suas linguagens e pratica seus delitos e a sociedade parece acuada, os cidadãos reféns do medo, isso não pode estar certo”.
O deputado lembrou que Manaus tem a maior taxa de homicídios dolosos, aqueles praticados com a intenção, o desejo de matar, de todo o país, 41,9 por cem mil habitantes e disse “não dá para olhar esse dado e simplesmente dizer que eram do tráfico, não cabe mais isso, a sociedade quer respostas”.
Ele finalizou com a assertiva que a ordem pública é uma construção coletiva, que não se pode dar respostas de médio e longo prazo somente com o uso da força policial. “A polícia tem o dever da resposta imediata, mas trabalho e comida na mesa das famílias são as melhores de todas as políticas públicas para a construção da cultura de paz e sensação de segurança. O Amazonas é o 2° Estado com maior porcentagem de pessoas em situação de pobreza do país, precisamos de políticas sociais que gerem independência da população”, afirmou.