Mostras inauguram nesta quinta-feira (28/03), às 19h, na Galeria do Largo
Foto: Divulgação / Secretaria de Cultura e Economia Criativa
Em continuidade da proposta de incluir jovens artistas no cenário local e vislumbrar outras maneiras de suscitar o pluralismo na arte, o “Espaço Mediações” chega à sétima edição com quatro exposições que inauguram nesta quinta-feira (28/03), às 19h, na Galeria do Largo. O “Espaço Mediações” é uma realização do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa.
Os artistas Rafael Neves, Estevan Leandro, Manuo e Andrew Henrique apresentam propostas de trabalho nas quais o experimentalismo dá a tônica, sob a curadoria de Cristóvão Coutinho. “O Espaço Mediações tem como meio o experimentalismo e a concretude na ação artística, no objetivo de estabelecer relações no processo elaborativo do artista e a curadoria”, define Coutinho.
O poeta, compositor e artista visual Rafael Neves de Souza, de Itacoatiara (a 176 quilômetros de Manaus) expõe 20 poesias visuais, numa mescla de linguagens artísticas. “Esse trabalho foi inspirado na arte concretista dos anos 50, a partir de um processo de experimentação de linguagem, daí a ideia de compor minhas poesias visuais”, explica o artista, que é formado em Letras pela Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), graduado em Artes Visuais pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e mestre em Estudos Literários pela Ufam.
“Todas essas poesias visuais foram concebidas entre os anos de 2022 e 2023, sendo estas lançadas em Itacoatiara, minha cidade natal, em agosto do ano passado”, conta Rafael Neves.
Foto: Divulgação / Secretaria de Cultura e Economia Criativa
Segundo o artista, todas as suas obras carregam em si a essência da poesia contemporânea, com traços metalinguísticos e intertextuais. “Elas abordam uma temática diversificada que vai do lirismo à contemplação da natureza, bem como algumas críticas acerca do cenário político do país”, define Rafael.
Conexão com o corpo
O multiartista Estevan Leandro criou um ambiente/vídeo que convida o visitante a conectar-se “com sua própria anatomia e suas histórias da criança a seu corpo crescente identitário, em fotografias, desenhos e objetos”. Seu “Mergulhos no Corpo” tem o título inspirado em “B 47 Bólide caixa 22 – Mergulho do corpo” (1967), de Helio Oiticica.
“É uma exposição que reúne diversas obras desenvolvidas para compô-la. Portanto, como estudante de Artes Visuais e com formação circense, a busca por um repertório que observe o corpo como objeto de performance me encanta”, explica Estevan.
Na definição do artista, a exposição traz materiais de acervo em fotografia e vídeo, de 2008 e 2023, que foram manipulados para se tornarem obras, e no escopo desenho, pintura, e instalações organizadas em 2024 exclusivamente para o espaço.
“O conceito traz provocações em que os visitantes são desafiados a refletir sobre os diversos moldes do corpo humano enquanto suporte e veículo de expressão. Por meio de diversas linguagens de arte, a exposição mergulha em experiências, revelando as transformações, prazeres e dores que moldam nossa existência”, define Estevan.
Aos 20 anos, Estevan se autodefine como natural da periferia de Manaus. Ele é graduando Licenciatura em Artes Visuais na Ufam, atua na arte educação e inclusão.
Foto: Divulgação / Secretaria de Cultura e Economia Criativa
Mural lambe digital
A artista Manuo criou a “Outro Boca”, obra que se constitui em um mural lambe digital com ilustrações na intervenção em parede “como forma de expressão tanto do indivíduo, quanto da cidade, representando a individualidade e a coletividade”
“Recentemente, meus estudos e formação se estendem para a arte no meio digital e no ciberespaço. Mas além disso, minhas referências partem de uma vivência, refletindo sobre temáticas como as minhas jornadas pela cidade de Manaus, a coletividade, as dores, alegrias e frustrações, sendo elas individuais ou coletivas”, explica Manuo.
“Outro Boca” trata sobre as relações e a coletividade, que são as palavras-chave da obra, que trata principalmente sobre o eu, o você e o outro. “Geralmente, não gosto de explicar minuciosamente cada detalhe, pois valorizo muito ouvir as diversas visões de mundo daqueles que observam a obra artística”, afirma a artista.
Questionando o tradicional
Foto: Divulgação / Secretaria de Cultura e Economia Criativa
Graduando da Ufam em Artes Visuais e membro do coletivo Arte Ocupa, o artista Andrew Henrique apresenta a obra “Sobre Telas”, uma provocação, segundo o artista, sobre a “pintura”, seus moldes tradicionais em elaboração das telas como superfícies alternativas, em referência no quarto de Van Gogh, ao amplo simbolismo deste ato.
“Essa obra tem inspiração em diversos artistas, mas uma pintura que certamente deu a base para essa obra foi o ‘Quarto em Artes’, de Van Gogh, e como apenas um quarto desperta sentimentos diversos”, explica Andrew.
Segundo o artista, sua relação com a arte vem desde a infância, quando fazia desenhos dos animes que assistia, até explorar as tintas e pesquisar novos meios de arte. “Essa obra ‘Sobre telas’ se idealizou em escritos em dezembro de 2023 para um projeto que acabou não indo adiante, assim sendo guardado até ter a oportunidade de apresentá-la e executada nessa exposição agora”, conta.
Enquanto o conceito, de acordo com Andrew, a obra trabalha uma provocação à pintura e seu sistema tradicionalista de telas e como a própria ainda é supervalorizada. “Minha obra tenta buscar o diálogo do que realmente importa no ato de produzir a pintura, a superfície em que é pintada ou o conteúdo”, afirma Andrew.
Foto: Divulgação / Secretaria de Cultura e Economia Criativa
A Galeria do Largo abre para visitação de quarta a domingo, das 15h às 20h. As exposições do “Espaço Mediações” ficam em cartaz até o dia 7 de julho.