A Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), constituiu uma comissão para elaboração do Plano de Contingência das Arboviroses, que são doenças causadas por vírus transmitidos por mosquitos, como é o caso do Aedes aegypti, com foco da prevenção e controle de dengue, chikungunya e zika.
A elaboração do Plano segue orientação do Ministério da Saúde, diante do cenário de aumento do número de casos das doenças no país, com o objetivo da organização e preparação da rede municipal de saúde para o enfrentamento a um possível período de alta transmissão das arboviroses.
A coordenadora geral da Comissão, Viviana Cláudia de Paula Almeida, explica que o Ministério da Saúde fez alerta no mês do outubro aos estados sobre a possibilidade de uma nova epidemia de dengue, considerando a reintrodução do sorotipo da Dengue Tipo 3, as alterações climáticas com aumento de chuvas e de temperatura, além de aumento de incidência de casos e do registro de mortes no Brasil, em especial na região Sudeste.
“Como a última epidemia no Amazonas ocorreu em 2016, existe uma população mais suscetível aos diferentes sorotipos. O sorotipo da dengue predominante no Amazonas é o tipo 2, mas no restante do Brasil é mais comum o tipo 3. E quem teve o tipo 1, ainda pode ter o tipo 2, 3 ou 4. Por isso, a preocupação com a possibilidade de uma nova epidemia e a orientação para preparar um plano de trabalho que prevê diferentes cenários, mesmo que agora Manaus apresente um cenário de controle das arboviroses”, afirma Viviana Almeida.
A construção do Plano de Contingência das Arboviroses para o município de Manaus está sendo feita a partir do trabalho de servidores da Semsa divididos em quatro subgrupos: Mobilização Social, Educação em Saúde e Comunicação; Controle Vetorial; Rede de Atenção à Saúde; e Resposta Rápida e Análise de Dados.
“A ideia é a construção de um plano prevendo a execução de ações em vários cenários, incluindo o pior cenário com epidemia e mortes por dengue, mesmo que não ocorra. É um planejamento prévio, com ações que poderão ser executadas de acordo com a situação epidemiológica do momento. A comissão vai manter a vigilância em relação ao número de casos, ao nível de infestação do Aedes aegypti, e manter a rede de saúde pronta, notificando os casos suspeitos, atenta aos sinais de agravamento da situação de saúde dos pacientes e monitorando os tipos de vírus circulando no município”, informa a coordenadora.
Dados do Sinan_On-line, do Ministério da Saúde, mostram que Manaus já registrou este ano 2.490 casos notificados de dengue, o que representa um aumento de 25% em relação ao mesmo período do ano passado. Já em relação aos casos confirmados, Manaus registrou este ano 549 casos, em uma redução de 50,1%, em relação ao mesmo período de 2022.
O chefe do Núcleo de Controle de Agravos Transmitidos por Aedes da Semsa, Edvaldo Rocha, informa que as ações de prevenção e controle são realizadas na rotina de serviços durante todo o ano, incluindo monitoramento da ocorrência dos casos, mas intensificando o trabalho com o início do período de chuvas, que potencializa o aumento de criadouros do mosquito.
“O trabalho envolve o monitoramento das áreas identificadas como de maior vulnerabilidade e também os locais considerados como pontos estratégicos, que são locais com maior número de depósitos que podem servir como criadouros. É o caso de borracharias e de ferros-velhos, que são vistoriados de 15 em 15 dias, quando são feitas ações para tratamento ou eliminação dos depósitos, e orientação para conscientizar os proprietários”, destaca Edvaldo Rocha.
De acordo com Edvaldo Rocha, a Semsa também está desenvolvendo ações seguindo diagnóstico de vulnerabilidade elaborado com informações do Levantamento do Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa), realizado em Manaus no período de 06 a 22 de novembro, e da notificação de casos de dengue, chikungunya e zika.
O LIRAa apontou um índice de infestação predial de 1,5%, mantendo o município em Médio Risco para as doenças transmitidas pelo mosquito, e identificou nove bairros em Alta Vulnerabilidade: Redenção, Alvorada, Lírio do Vale e Compensa (Disa Oeste); Cidade Nova e Novo Israel (Disa Norte); Jorge Teixeira (Disa Leste); e Morro da Liberdade e Aleixo (Disa Sul).
“A Semsa tem intensificado ações nos locais de maior vulnerabilidade e também, a partir da notificação de casos suspeitos, é feito um trabalho de bloqueio com aplicação de inseticida para eliminar os mosquitos adultos e evitar a transmissão das doenças”, declarou Rocha.
Além de casos de dengue, Manaus registrou este ano 58 casos notificados de zika, em uma redução de 49,6% em comparação com o ano passado. Foram confirmados 23 casos de zika, com redução de 60,3% em relação aos casos confirmados em 2022. O município registrou ainda 143 casos notificados de chikungunya, com aumento de 6,7%, em relação ao ano passado. Em relação aos casos confirmados, o município apresentou 38 casos, com redução de 11,6%.
Texto – Eurivânia Galúcio/Semsa
Fotos – Divulgação/Semsa