A Prefeitura de Manaus, por meio do Conselho Municipal de Cultura (Concultura), com apoio da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), realizou a 4ª Conferência Municipal da Cultura de Manaus (CMCM), tendo como tema “Manaus, Cidade Pluriétnica: Equidade e Direito à Cultura”. O evento, que reuniu os diversos setores culturais da cidade, num diálogo entre a sociedade civil e o poder público, aconteceu nos dias 4 e 5/12, no Centro Convenções Vasco Vasques, na avenida Constantino Nery, Flores.
Durante a conferência, mais de 500 artistas, fazedores de cultura, professores e demais membros da sociedade, elegeram 25 delegados. São eles que vão defender as 22 proposições de diretrizes e ações que serão levadas à etapa estadual. As que forem aprovadas, posteriormente serão encaminhadas à etapa nacional para atualização do Plano Nacional de Cultura e aprimoramento do Sistema Nacional de Cultura (SNC).
O presidente do Concultura, Neilo Batista, ressaltou a importância do evento, lembrando que na gestão do prefeito David Almeida já foi construído o primeiro Plano Municipal de Cultura da história do município. Também foi realizado o 1º Seminário Municipal de Cultura, servindo de base para este momento de construção de Políticas Culturais potentes em conjunto com os artistas, fazedores de cultura e demais membros da sociedade civil, e destacou algumas propostas e desafios.
“O custo amazônico e toda a questão do planejamento da cidade de Manaus – essas políticas públicas colocadas no plano municipal – a gente tem a oportunidade de rediscutir e fortalecer aquele plano que será executado a partir do ano que vem pela Manauscult, com o apoio, fiscalização e supervisão do Conselho Municipal de Cultura”, destacou.
Neilo ressaltou, ainda, o desafio de eleger o maior número de delegados para que representem Manaus na etapa estadual da conferência, que será realizada em janeiro de 2024 e, assim, fortalecer, com uma grande representatividade, a conferência nacional de cultura, em março do ano que vem.
O sociólogo Renan Freitas Pinto, que é professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), fez a palestra de abertura. Ele fez uma análise dos principais estudos sobre a composição étnico-racial da sociedade manauara e recomendou a atenção dos participantes da conferência sobre aspectos importantes da nossa cultura originária, como as publicações de autores indígenas, que passam ao largo das políticas públicas e do mercado cultural.
O alerta veio ao encontro do Eixo 3, que tratou de Memória, e teve a
Proposta 12 – “fomentar a diversidade linguística, assim como apoiar projetos que promovam o ensino e preservação da língua tradicional e brasileira”.
A ativista indígena e coordenadora da Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno (Copime), Marcivana Sateré-Mawé, destacou a equidade na cultura e no social. “Estamos construindo essa cidade que nós queremos, com essa valorização dos artistas locais. Até porque, nada mais justo, por Manaus ser uma cidade, de fato, pluriétnica com uma identidade própria”, afirmou, apontando que a conferência, para além das políticas públicas, é garantia de valorização, de reconhecimento dessa identidade, o que reflete no fazer cultural.
O produtor musical Ita Melo, ressaltou a importância do debate público sobre a política cultural. “Nós precisamos colocar leis municipais de incentivo à cultura em funcionamento, inclusive sobre inteligência artificial e novas tecnologias, por isso estou aqui”, explicou Melo.
Texto – Cristóvão Nonato / Concultura
Fotos – Jair Costa / Semcom
Disponíveis em – https://flic.kr/s/aHBqjB5Vwz