Com o objetivo de implementar o uso da tafenoquina e da Testagem Quantitativa da Enzima Glicose-6-fosfato Desidrogenase (G6PD) no tratamento contra malária, profissionais da Prefeitura de Manaus iniciaram, nesta segunda-feira, 22/4, a participação em um treinamento promovido pelo Ministério da Saúde.
O treinamento, que segue até quarta-feira, 24/4, no auditório da Divisão de Desenvolvimento Profissional do Magistério (DDPM), bairro Adrianópolis, reúne 168 profissionais de saúde, incluindo médicos, enfermeiros, agentes de endemias, farmacêuticos e gestores da rede municipal de saúde, divididos em três turmas.
De acordo com a gerente de Vigilância Ambiental e Controle de Agravos por Vetores da Secretaria Municipal de Saúde (Gevam/Semsa), enfermeira Alinne Antolini, o treinamento faz parte do processo de incorporação da tafenoquina e do teste de G6PD no Sistema Único de Saúde (SUS), conduzido pelo Ministério da Saúde, para a cura radical de malária vivax, sendo que, em Manaus, a implementação está prevista para ocorrer ainda no primeiro semestre de 2024.
“O tratamento tradicionalmente utilizado contra a malária inclui a cloroquina e a primaquina, mas com a implementação da tafenoquina no SUS, que é administrada em dose única, há redução de sete para três dias no tempo de tratamento contra malária. Com isso, o uso da tafenoquina no SUS deverá contribuir, principalmente, para uma melhor adesão do tratamento por parte do paciente, o que é essencial para a eliminação da malária”, informou Alinne.
Junto ao tratamento da tafenoquina, será implementada a oferta do teste do nível da enzima G6PD do paciente, que também é um novo procedimento na rotina de atendimento nas unidades de baixa complexidade e visa reduzir o risco de complicações para a saúde do paciente, permitindo a escolha mais adequada do esquema de tratamento.
Em caso de exame positivo para malária vivax, só devem fazer o teste de G6PD os pacientes que tiverem: 16 anos de idade ou mais; mais de 35 quilos; mulher que não esteja grávida ou amamentando; e malária não-grave.
De acordo com a diretora de Vigilância Epidemiológica, Ambiental, Zoonoses e da Saúde do Trabalhador (DVAE/Semsa), enfermeira Marinélia Ferreira, o Ministério da Saúde pretende implementar o novo esquema de tratamento em todo o Brasil até o ano de 2026, mas Manaus foi incluída na primeira etapa do processo, considerando que município participou da execução do estudo de “Viabilidade Operacional da Cura Radical Apropriada de Plasmodium vivax com Tafenoquina ou Primaquina após o Teste Quantitativo de G6PD no Brasil”, realizado no período de 2021 a 2022.
“O tratamento com a primaquina é de sete ou 14 dias, dependendo da gravidade do caso. A questão é que o paciente começa a sentir uma melhora depois de três ou quatro dias do início da medicação, e, em muitos casos, acha que ficou curado e abandona o tratamento. Mas sem concluir o esquema de medicamentos, não há cura e os sintomas da doença retornam. Além disso, o paciente continua transmitindo a malária na sua comunidade. Como a tafenoquina é em dose única e o tratamento segue por três dias com a cloroquina, a expectativa é de que haja grande redução nos casos de abandono do tratamento, facilitando o controle da doença”, informou Marinélia Ferreira.
O chefe do setor de Controle de Endemias do Distrito de Saúde (Disa) Leste, André Nunes de Lima, explicou que o treinamento é uma oportunidade para atualizar os profissionais das Unidades de Saúde que participaram execução do estudo de viabilidade operacional da tafenoquina e do teste G6PD, entre microscopistas e agentes de endemias envolvidos na busca ativa e notificação de casos suspeitos, mas também para treinar outros profissionais da rede, como médicos e enfermeiros.
Participando do treinamento, André Nunes, destacou a importância da implementação do novo esquema de tratamento no controle da malária. “Durante o estudo, percebemos um número significativo de pacientes que não retornaram com a lâmina de verificação positiva no exame da malária em um período de 60 dias de acompanhamento. O que é muito difícil de acontecer quando o paciente interrompe do tratamento”, afirmou André Nunes.
Casos
O município de Manaus registrou, entre janeiro e 15 de abril deste ano, 1.778 casos de malária, em um acréscimo de 146,6% em relação ao mesmo período de 2023, quando houve o registro de 721 casos. Em relação ao registro de casos por local provável de infecção, a zona rural contribuiu 56% dos casos deste ano, seguido da zona Leste com 41%, zona Oeste com 1,9% e zona Norte com 1%.
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Texto – Eurivânia Galúcio / Semsa
Fotos – Artur Barbosa / Semsa
Disponíveis em – https://flic.kr/s/aHBqjBnkLt