As tensões políticas entre a Venezuela e a Guiana foram o tema do pronunciamento do deputado Sinésio Campos (PT) nesta quarta-feira (6) no plenário da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam). O parlamentar, que é o líder do Partido dos Trabalhadores na Aleam, demonstrou preocupação com a possibilidade de um conflito militar na região amazônica, e pediu ao governo brasileiro que seja um intermediário para as negociações de paz entre os dois países sul-americanos.
“Estamos presenciando o derramamento de sangue entre israelenses e palestinos, entre russos e ucranianos, e isso tudo parecia uma realidade distante. Eu me posicionei hoje aqui contra uma iminente guerra entre Venezuela e Guiana. Entre esses países tem o Brasil, tem Boa Vista, tem Roraima. Para que a Venezuela adentre ao território da Guiana, tem que passar pelo território brasileiro, e isso é uma questão de soberania nacional”, comentou Sinésio Campos.
O parlamentar afirmou que irá recorrer à diplomacia para evitar um conflito de grandes proporções. “Eu vou formalizar, como Vice-presidente do Parlamento Amazônico, um pedido para que as embaixadas do Brasil, Venezuela e Guiana possam se reunir o mais rápido possível, pois eu entendo que o uso do corpo diplomático é o melhor caminho de resolver o problema. As guerras que ocorrem no mundo todo são sempre de interesse dos ricos, dos poderosos, e não dos mais pobres. O governo do Presidente Lula, que eu aqui represento, é o governo da paz. Não queremos que ocorra guerra entre os nossos países irmãos”, concluiu Sinésio Campos.
O presidente Lula comentou sobre o tema no último domingo (3). Ele disse à imprensa que espera bom senso nessa tensão entre os países vizinhos. “O que a América do Sul não está precisando é de confusão. Não se pode ficar pensando em briga. Espero que o bom senso prevaleça, do lado da Venezuela e do da Guiana”, afirmou o presidente. Em entrevista concedida ao programa “Conversa com o Presidente” na terça-feira (5), Lula afirmou que viajará em 2024 para a Guiana para participar de uma reunião dos países do Caricom (Comunidade do Caribe). Um dos temas que serão abordados no encontro será democracia.
O território de Essequibo é disputado por Venezuela e Guiana há mais de um século. Desde o fim do século 19, a região está sob controle da Guiana. A área representa 70% do atual território da Guiana, e possui uma população de 125 mil habitantes. Na Venezuela, a área é chamada de Guiana Essequiba. Em 2015, foi descoberto petróleo na região, o que acirrou a disputa territorial. Os venezuelanos aprovaram no domingo (3) em referendo a proposta do governo para criar um novo estado em Essequibo. Segundo o governo da Venezuela, mais de 95% dos eleitores votaram a favor da questão.